A águia empurra gentilmente seus filhotes para a beirada do ninho. Seu
coração maternal se acelera com as emoções conflitantes, ao mesmo tempo em
que ela sente a resistência dos filhotes aos seus persistentes cutucões: “Por
que a emoção de voar tem que começar com o medo de cair?”, ela pensou.
Esta questão secular ainda não estava respondida para ela...
Como manda a tradição da espécie, o ninho estava localizado bem no alto
de um pico rochoso, nas fendas protetoras de um dos lados dessa rocha.
Abaixo dele, somente o abismo e o ar para sustentar as asas dos filhotes. "E se
justamente agora isto não funcionar?", ela pensou.
Apesar do medo, a águia sabia que aquele era o momento. Sua missão
maternal estava prestes a se completar. Restava ainda uma tarefa final... o
empurrão.
A águia tomou-se da coragem que vinha de sua sabedoria interior. Enquanto
os filhotes não descobrirem suas asas, não haverá propósito para sua
vida. Enquanto eles não aprenderem a voar, não compreenderão o privilégio
que é nascer uma águia. O empurrão era o maior presente que ela podia oferecer-
lhes. Era seu supremo ato de amor. E então, um a um, ela os precipitou
para o abismo... e eles voaram!"